Orfeão de Abrantes

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Repertório

1.  Contradança

2.  Charamba

3.  Martelos

4.  Cartaxinho

5.  Maçadeiras

6.  Saias de Santa Eulália

7.  Mirandum se fui a la guerra

8.  Tareio

9.  Canário

10. Marião

11. Baile de São Vicente

12. Valsa Antiga

13. Rapsódia

14. Tinta Verde

15. Dançando, Pulirando

16. Ao romper da bela aurora

17. Pezinho da Vila

18. O anel que tu me deste

19. Vira de Coimbra

20. Saias da Feira de S. Mateus

21. As meninas da Ribeira do Sado

22. San Macaio

23. Altas casas

24. Uma estrela se foi pôr

25. Quem nos quiser dar os Reis

26. A mulher do meio

27. Rapsódia de Marchas Populares

 

 

 

 

1. Contradança

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2. Charamba

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Ilha Terceira – Açores

 

Voz Feminina

Esta é a vez primeira, a vez primeira

Que neste auditório canto

Em nome de Deus começo, de Deus começo

Padre, Filho, Esp’rito Santo

 

Voz Masculina

A ausência tem uma filha, ai tem uma filha

Que se chama saudade

Eu sustento mãe e filha, ai mãe e filha

Bem contra a minha vontade

 

Refrão

Boa noite, meus senhores.

Minhas senhoras, lindas flores

Que aqui estais neste salão

Que aqui estais neste salão

Eu p’ra todos vou cantar

E a todos quero saudar

Do fundo do coração

Do fundo do coração

 

Voz Feminina

Eu vesti um vestido novo, vestido novo

Para vir aqui cantar

A charamba está no baile, ai está no baile

E o meu bem é o meu par

 

Voz Masculina

Em te vendo, vejo a Deus, ai vejo a Deus

Não sei se peço, se não

Trago a Deus dentro do peito, ai no meu peito

E aqui no meu coração

 

REFRÃO

Boa noite meus senhores...

 

3. Martelos

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Desgarrada – Mação

 

Melodia

Mulheres

Venho da borda do rio hó ai

De regar o meu nabal

Inda trago uma florinha hó ai

Na barra do avental

 

Homens

Na barra do avental hó ai

Na bainha do vestido

Hó prima eu vou p’ra guerra hó ai

Deixa-me ir durmir contigo

 

Homens

Deixa-me ir durmir contigo hó ai

Uma noite não é nada

Eu entro pelo escuro hó ai

E saio de madrugada

 

Mulheres

Tú não entras p’lo escuro hó ai

Nem sais de madrugada

Eu sou rapariga nova hó ai

Não quero ser disfamada

 

Melodia

Homens

E debaixo das tuas saias hó ai

Tenho eu muito que fazer

Uma bomba a tirar água hó ai

Dois martelos a bater

 

4. Cartaxinho

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Popular

 

Levantei-me um dia cedo

Para ouvir o cartaxinho

Levava palha no bico

Ó meu lindo amor

Já ia a fazer o ninho

 

Já ia fazer o ninho

No cimo do arvoredo

Para ouvir o cartaxinho

Ò meu lindo amor

Levantei-me um dia cedo

 

Param parari ripam pam

Param parari ripam pam

Param parari ripam, parari ripam

Parari riri ripam pam

 

Levantei-me um dia cedo

E fui passear ao campo

Para ver o teu retrato

Ó meu lindo amor

Nas folhas do lírio branco

 

Nas folhas do lírio branco

No cimo do arvoredo

Para ver o teu retrato

Ó meu lindo amor

Levantei-me um dia cedo

 

Param parari ripam pam ...

Param parari ripam pam ...

Param parari ripam pam ...

 

5. Maçadeiras

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Canção de trabalho, Póvoa de Lanhoso, Beira baixa

 

Homens

Este linho é mourisco

A fita dele namora

 

Todos

Quem aqui não tem amores

Tira o chapéu vai s’embora

Ai la li la ai la le la ai la le la lo meu bem

Regala-t’ó meu amor

Regala-te e passa bem

 

Homens

O minha mãe do trabalho

Para quem trabalho eu

 

Todos

Trabalho mato o meu corpo

Não tenho nada de meu

Ai la li la ai la le la ai la le la lo meu bem

Regala-t’ó meu amor

Regala-te e passa bem

 

Todos

Maçadeiras lá de baixo

Maçai o meu linho bem

Não olheis par’ó portelo

Que a merenda logo vem

Ai la li la ai la le la ai la le la lo meu bem

Regala-t’ó meu amor

Regala-te e passa bem

 

6. Saias de Santa Eulália

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Mulheres

Ai Santa Eulália Santa Eulália - bis

Ai Santa Eulália Barbacena - bis

Onde toda a mulher dança as saias -bis

Ai da maior á mais pequena

Ai Santa Eulália Barbacena

 

Homens

Ai adeus Mouriscas adeus – bis

Ai vou dar-te a despedida – bis

Ai será por um mês ou dois – bis

Ai ou será por toda a vida

Ai vou dar-te a despedida

 

Mulheres

Ai eu parto pr’a Santa Eulália - bis

Ai vou pr’a a ceifa do trigo – bis

Ai vou trabalhar e esquecer – bis

Ai as penas que trago comigo

Ai vou para a ceifa do trigo

 

Homens

Ai cantigas levas o vento - bis

Ai aquelas que leves são - bis

Só não há vento que leve uma - bis

Ai que trago no coração

Ai aquelas que leves são

 

Mulheres

Ai o sol anda atrás da lua - bis

Ai a lua atrás do luar - bis

Ai a minh’ alma atrás da tua - bis

Ai sem a poder alcançar

Ai a lua atrás do luar

 

Todos

Ai santa Eulália Santa Eulália - bis

Ai vou deixar o Alentejo - bis

Ai levo comigo saudades -bis

Pr’a Mouriscas do Ribatejo

Ai vou deixar o Alentejo

 

7. Mirandum se fui a la guerra

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Romance da guerra de MIRANDUM (1762)

 

Mirandum se fui a lá guerra – bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Num sei quando benerá

Se benerá por lá Pasqua - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Ou se por la Trênidade

 

Meludia

La Trênidade se passa - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Mirandum num bene iá

Chubira-se a hüa torre - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Para ber se lo abistaba

 

Meludia

Bira lá benir um passe - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Que nobidades trairá

Las nobidades que tráio - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Bos ande fazer chorar

 

Meludia

Tirae las colores de gala - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

ponei vestidos de luto

que mirandum iá ié muôrto - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

You bien lo bi anterrar

 

Antre quatro ouficiales - bis

Mirandum, Mirandum, Mirandela

Que lo iban a lhebar

 

8. Tareio

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São Pedro do Sul

 

Tareio lindo tareio - bis

Tareio do coração - bis

A senhora da saúde - bis

No alto dos castelões - bis

 

Quando eu morrer tareio - bis

Levo-te no meu caixão -bis

Onde ela estava bem via - bis

No mar das embarcações - bis

 

Manhouce povo antigo - bis

Fica entre Porto e Viseu - bis

A senhora da saúde - bis

Tem um filho serrador - bis

 

Tem duas pontes romanas - bis

Que lhe servem de museu - bis

Para serrar a madeira - bis

Para o altar do senhor - bis

 

Quando eu era rapaz novo - bis

Até nem queria mais nada - bis

A senhora da saúde - bis

Tem vinte e quatro janelas - bis

 

Era dançar o tareio - bis

Mai’la minha namorada - bis

Quem me dera ser o sol - bis

Que eu entrava numa delas - bis

 

9. Canário

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Armei um laço na Serra

Para apanhar um canário

Que é pássaro que custa caro - bis

P’lo lindo cantar que tem –bis

 

Dei-o de presente ao Rei

P’la Condessa da Ribeira

Que lhe fez uma gaiola - bis

Da mais bonita madeira –bis

 

Depois da gaiola feita

Meteu-lhe o canário dentro

Quer de noite, quer de dia - bis

Era o seu divertimento – bis

 

Ao cabo de quinze dias

N’uma manhã de nevão

O canário adoeceu -bis

Com grande constipação – bis

 

Formou-se logo uma junta

De mais d’um cirurgião

Cada um com três lancetas - bis

Fizeram-lh’a operação – bis

 

À primeira lancetada

O canário esmoreceu

À segunda lancetada - bis

Bateu as asas – morreu – bis

 

Chamaram o sacristão

P’ra lhe tocar os sinais

Avisou-se a passarada - bis

Canários e outros mais – bis

 

Com grande pompa se fez

O enterro e funerais

Levando o acompanhamento - bis

D’uns trinta e cinco pardais - bis

 

Também ia um pintassilgo

Vestido com todo o luxo

Veio o gato da vizinha - bis

E meteu tudo no buxo - bis

 

Repetir a última quadra 3 vezes

 

10. Marião

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Trás-os-montes

 

Adeus ó Vale de Gouvinhas Marião – voz a solo

Não és Vila nem cidade Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião

 

És um povo pequenino Marião - voz a solo

Feito à minha vontade Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião

 

Melodia

Hei-de cercar Vale de Gavinhas Marião - voz a solo

Com trinta metros de fita Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião - vozes Femininas

 

Á porta do meu amor Marião - voz a solo

Hei-de pôr a mais bonita Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião - vozes Femininas

 

Os meus olhos não são olhos Marião - voz a solo

Sem estarem os teus defronte Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião - vozes Femininas

 

Parecem dois rios d’água Marião - voz a solo

Quando vão de Monte a Monte Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião - vozes Femininas

 

Melodia

Já corri os mares em volta Marião -Todos

C’uma vela branca acesa Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião

 

Em todo o mar achei água Marião -Todos

Só em ti pouca firmeza Marião

Sim Sim Marião, Não Não Marião

 

Adeus ao vale de Gouvinhas Marião – solo, à capela

 

11. Baile de São Vicente

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Aurora e Fado do Sete e pico

 

Melodia

No largo de S. Vicente

Há lá muita gente

E a Aurora não está

Aurora teve um menino - bis

Tão pequenino

De quem será

 

É do Chico d’Amieira

Quem vem da Figueira

E vai pr’o Pará

Não chores Aurora não chores -bis

Que o pai do menino

Um dia voltará

Melodia

 

 Sete e pico

 

No baile da D. Ester

Feito a semana passada

Foram dar com o chouffer

A dançar com a criada

Dizia-lhe ela baixinho

Na prise és bestial

Refrão - Bis

Eram pr’ai sete e pico

Oito e coisa nove e tal

 

A D. Inês sequiosa

Não resistiu ao Whisky

E pr’a se tornar famosa

Quis ir dançar o Twist

Ao dar um jeito partiu-se

A coluna vertebral

 

Refrão

O D. José de Vicente

Que é de S.Pedro da Cova

P’ra  mostrar que ainda é valente

Foi dançar a boça nova

Escorregou no soalho

Caiu foi p’ró Hospital

 

Refrão

Quando o serviço abundante

No Baile se iniciou

O D. Grilo num instante

A alface devorou

Diz-lhe a Locas ao ouvido

Pareces um animal

 

Refrão

Faltou a luz e gerou-se

A confusão natural

E a Locas encontrou-se

Nos braços do Amaral

Logo esta grita aflita

Acendam o castiçal

 

Refrão

 

12. Valsa Antiga

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13. Rapsódia

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MILHO VERDE

Milho Verde , milho verde

Milho verde, maçaroca

À sombra do milho verde

namorei uma cachopa  Milho Verde , milho verde

Milho verde, folha larga

À sombra do milho verde

namorei uma casada

 

(E agora já não o sou)

Eu já fui o teu amor

E agora já não o sou

Se ainda te bat’os olhos

Foi jeito que me ficou

(Foi jeito que me ficou,

O ai, o larilolela !!…)

 

(flauta e acordeon)      

(Quem as deitara a um poço)

As velhas são uma navalha

Quem as deitara a um poço

As moças novas são jóias

Para trazer ao pescoço

(Para trazer ao pescoço,

O ai, o larilolela !!…)

Ó Laurindinha, vem à janela

Ver o teu amor, ai, ai,ai,

Que ele vai p’rá guerra

Ver o teu amor, ai, ai,ai,

Que ele vai p’rá guerra

            Que ele vai p’rá guerra, deixá-lo ir

Ele é rapaz novo, ai, ai, ai,

Ele torna a vir

Ele é rapaz novo, ai, ai, ai,

Ele torna a vir

 

Tenho um amor em Viana, Oh ai,

Tenho outro em Ponte de Lima, oh ai,

Tenho outro em Ponte de Lima.

Tenho outro em Barcelos, oh ai

Tenho outro mais em cima, oh ai

Tenho outro mais acima.

 

(flauta e acordeon)      

Oi ó ai, o meu amor é padeiro

Oi ó ai, tem a casa enfarinhada

Oi ó ai, os beijos sabem a pão

os beijos sabem a pão

não quero comer mais nada

 

(acelera o ritmo para acabar…)

 

14. Tinta Verde

 

Tinta verde dos teus olhos

Escreve torto no meu peito

Amores tenho eu aos molhos

Se p’ró teu me faltar jeito

 

Amores tenho eu aos molhos

Se p’ró teu me faltar jeito

Tinta verde dos teus olhos

Escreve torto no meu peito

 

No meu peito escreve torto

Na minha alma a dar a dar

Nunca mais eu chego ao Porto

Se lá for por este andar

 

Nunca mais eu chego ao Porto

Se lá for por este andar

No meu peito escreve torto

Na minha alma a dar a dar

 

Melodia

 

Nunca mais eu chego ao Porto

Ao Porto de Matosinhos

Adeus verde dos teus olhos

Estão cá outros mais escurinhos

 

Adeus verde dos teus olhos

Estão cá outros mais escurinhos

Nunca mais eu chego ao Porto

Ao Porto de Matosinhos

Repete tudo

Para acabar

Nunca mais eu chego ao Porto

Ao Porto de Matosinhos [bis]

 

15. Dançando, Pulirando

 

Quando eu vejo uma velhinha

Com as saias a arrojar

Lembra-me a minha avozinha

Com seu modesto trajar

 

Refrão

Dançando pulirando

Brincando mais ele

Dançando pulirando

Brincando mais ela

Dançando pulirando

Brincando mais ele

És uma rosa amarela

 

Anda daí vem dançar

Em cima deste ladrilho

Anda agora muito em moda

Colher a flor ao junquilho

 

Refrão

Dançando pulirando

Brincando mais ele

Dançando pulirando

Brincando mais ela

Dançando pulirando

Brincando mais ele

És uma rosa amarela

 

Melodia

 

acaba à capella:

És uma rosa amarela

 

16. Ao romper da bela aurora

 

Melodia

Gosto de quem canta bem

Que é uma prenda bonita

Gosto de quem canta bem

Que é uma prenda bonita

 

Não empobrece ninguém

Assim como não enrica

Não empobrece ninguém

Assim como não enrica

 

Melodia

Ao romper da bela aurora

Sai o pastor da choupana

Vem cantando em altas vozes

Muito padece quem ama

 

Muito padece quem ama

Mais padece quem namora

Sai o pastor da choupana

Ao romper da bela aurora

 

 Fim à II volta

  

 17. Pezinho da Vila

 

Refrão

Ponha aqui o seu pezinho

Devagar devagarinho

Se vai à ribeira grande

Eu tenho um carta escrita

Para ti cara bonita

Não tenho por quem a mande

 

Eu nasci à sexta-feira

Com barbas e cabeleira

Mais parecia um anti-cristo

Que até o senhor padre cura

Que é homem de sabidura

Nunca tal houvera disto

 

Eu fui de Lisboa a Sintra

A casa da ti Jacinta

P’ra me fazer uns calções

Mas a pobre criatura

Esqueceu-se da abertura

Para as minhas precisões

 

Refrão

 

Eu fui à beira da rocha

Sapato e uma galocha

Ver se o mar estava manso

Encontrei uma garoupa

Toda enrolada em roupa

A dormir o seu descanso

 

Eu fui até Vila Franca

Escanchado numa tranca

À morte de uma galinha

O que ela tinha no papo

Sete cães e um macaco

E um soldado da marinha

 

Refrão

 

Fui-me casar às capelas

Por ser manco das canelas

C’uma mulher sem nariz

Esta gente das fajãs

Já me deram parabéns

P’lo casamento que eu fiz

 

Toda a moça que é bonita

Que ela chora ou ela grita

Nunca houvera de nascer

É como a maçã madura

Na quinta do padre cura

Todos a querem comer

 

Refrão

 

A princesa dos Açores

Que é linda como os amores

Mandou fazer uns calções

A pobre da criatura

Esqueceu-se da abertura

Para as suas precisões

 

Minha sogra é uma raia

Mora na lomba da maia

Mesmo em frente ó mê jardim

A todos chama canalha

Antes a língua lhe caia

Do que ela me chame a mim

 

Refrão

 

18. O anel que tu me deste

 

Acordeon (refrão)

O anel que tu me deste

No domingo da trindade

Era-me largo no dedo

Apertado na amizade

 

Refrão

Casa-te ó prima

Tira a certidão

Ó rica prima

Do meu coração [bis]

 

O anel que tu me deste

Era de vidro e quebrou

Tanto dura a tua vida

Como o anel me durou

Fim à II volta

Refrão

Melodia (flauta)

Acordeão (refrão)

 

19. Vira de Coimbra

 

Fui encher a bilha e trago-a [bis]

Vazia como a levei [bis]

Mondego que é da tua água [bis]

Que é das preces que eu chorei [bis]

 

Acordeão

Dizem que amor de estudante [bis]

Não dura mais que uma hora [bis]

Só o meu é tão velhinho [bis]

Ainda não se foi embora [bis]

 

Acordeão

O estudante de Coimbra [bis]

Mora por baixo da ponte [bis]

Por causa das raparigas [bis]

Muito sapato se rompe [bis]

 

Acordeão

Fiz uma cova na areia [bis]

Para enterrar minha mágoa [bis]

Entrou por ela o mar todo [bis]

Não encheu a cova de água [bis]

Acordeão

Flauta

Melodia

 

Coimbra p’ra ser Coimbra [bis]

Três coisas há-de contar [bis]

Poetas trincanas lindas [bis]

Capas negras a adejar [bis]    (pum, pum)

 

20. Saias da Feira de S. Mateus

 

Melodia

Mulheres

Onde vais de camisinha à feira de S. Mateus.

As meias são emprestadas, os sapatos não são teus.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

Homens

A perdiz canta na balsa, o rouxinol no alandro.

Diante de mim és falsa, fará em eu abalando.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

Mulheres

Usas camisinha branca, já roubaste a cor á prata.

Amor tens tudo a meu gosto, até o pôr da gravata.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

Homens

Usas camisinha azul, já roubaste a cor ao céu.

Amor tens tudo a meu gosto, até no pôr do chapéu.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

Mulheres

Eu não sei da minha vida, da minha vida não sei.

Sei o que tenho passado, não sei o que passarei.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

Mulheres

Já chove já quer chover, já correm os regatinhos.

Já os campos são alegres, já cantan’os passarinhos.

(todos, com versos cruzados)

Melodia

 

21. As meninas da Ribeira do Sado

Coro alentejano

 

N’á ninguém que balhe más bem

C’as meninas da r’bera do Sado

 

Estrala  a bomba e o foguete vai no ar

Arrebenta e fica tod’quémado

N’á ninguém que balhe más bem

C’as meninas da r’bera do Sado

 

As meninas da r’bera do Sado

Lavram na terra c’as unhas dos pés

As meninas da r’bera do Sado são com’às ovelhas

Têm carrapat’s atrás das orelhas

 

Era um daqueles dias bem chalados

Em que o sol batia forte nas cabeças

As meninas viram q’eu tav’apanhado

E d’seram – nunca mais cá apareças

 

Mas voltei e entretive-m’a bailar com três

Queriam qu’eu fosse atrás no convés

Mas na fui e mandei-as irem dar banho ò mê canário

Que bateu as botas com dores num ovário

 

Estrala a bomba e o foguete vai no ar

Arrebenta e fica tod’quémado

N’á ninguém que balhe más bem

C’as meninas da r’bera do Sado

 

As meninas da r’bera do Sado

Lavram na terra c’as unhas dos pés

As meninas da r’bera do Sado são com’às ovelhas

Têm carrapat’s atrás das orelhas

 

2ª volta

Têm carrapatos, têm carrapatos…

(pum)

 

Têm carrapat’s atrás das orelhas.

 

22. San Macaio

 

Melodia

San Macaio

San Macaio deu a costa.

Ai deu á costa

Nos braços da urzelina [bis]

 

Toda a gente

Toda a gente se salvou

Ai se salvou

Só morreu uma menina

 

San Macaio

San Macaio deu á costa

Ai deu á costa

Lá na ponta dos mosteiros

 

Toda a gente

Toda a gente se salvou

Ai se salvou

Só morreu dois passageiros

 

San Macaio

San Macaio deu á costa

Ai deu à costa

Nas pedras da fajãnzinha

 

Toda a gente

Toda a gente se salvou

Ai se salvou

Só morreu uma galinha

 

San Macaio

San Macaio deu á costa

Ai deu á costa

Nos baixos do maranhão

 

Toda a gente

Toda a gente se salvou

Ai se salvou

Só o  San Macaio não

acaba com a melodia

 

23. Altas casas

 

Altas casas nobre gente

Cantareis e ouvireis

À porta destes senhores        -   BIS

Estão chegados os três reis          “

 

Estão chegados os três reis

Para abençoar Jesus  

Para ver o Deus Menino   -   BIS

Que Maria deu à luz                 “

Melodia

Era meia-noite em ponto

Julgavam que era de dia

E’tava uma noite tão bela    -   BIS

Todo o mundo amanhecia           “

 

Quem diremos nós que viva

Na casquinha do pinheiro

Viva o dono desta casa     -   BIS

Nesta terra é cavalheiro          “

Melodia

A esmola que vós me deres

Levo-a eu no meu chapéu   

Seja a primeira lembrança   -   BIS

Que vós encontrais no Céu           “ 

 

Vamos dar a despedida

Despedida bela luz

Os senhores desta casa     -   BIS

Amanhecem com Jesus.           “

Melodia

 

24. Uma estrela se foi pôr

 

Uma estrela se foi por                 Solo 1

Em cima de uma cabana               “

A Cabana era pequena                 “

Não cabiam todos três                  “

 

E abram-se lá essas portas        Solo 2

Ainda não estão bem abertas     Todos

Que nasceu o Deus Menino          “

Vou-lhe dar as boas festas            “

 

Boas festas meus senhores        Solo 2

Boas festas lhes vou dar            Todos

Que nasceu o Deus menino            “

Alta noite de natal                          “

 

E alta noite de natal                   Solo 2

Noite de santa alegria                Todos

Que nasceu o deus menino            “

Filho da virgem Maria                   “

 

Senhora dona de casa              Solo 1

Deixe-se estar que está bem        “

Mande-nos dar as esmolas          “

Por’essa rosa que aí tem             “

 

E abram-se lá essas portas        Solo 2

Ainda não estão bem abertas     Todos

Que nasceu o Deus Menino          “

Vou-lhe dar as boas festas            “

 

Boas festas meus senhores        Solo 2

Boas festas lhes vou dar            Todos

Que nasceu o Deus menino           “

Alta noite de natal                         “

 

E alta noite de natal                    Solo 2

Noite de santa alegria                 Todos

Que nasceu o deus menino             “

Filho da virgem Maria                     “

 

25. Quem nos quiser dar os Reis

 

Mulheres

Quem nos quiser dar os reis

Não se esteja a demorar

Nós vimos de muito longe  - BIS     Todos

Temos caminho pr’a andar – BIS    Todos

Homens

São José e mais Maria

Já lá vão para Belém

Ai se vão cantar os reis – BIS        Todos

Cantemo-lo nós também – BIS      Todos

Mulheres

Onde houvera de nascer

Numa cama de louzinho

Para nos dar o exemplo – BIS         Todos

Nasceu ele pobrezinho – BIS          Todos

Homens

Os três reis são coroados

Mas quem foi que os coroou

Corou-os o deus menino – BIS       Todos

E uma estrelinha os guiou – BIS    Todos

Mulheres

La viram estar o menino

Numas palhinhas deitado

A virgem estava dizendo – BIS      Todos

Hó meu lindo filho amado – BIS       Todos

Homens

Demos vivas a José

Também louvores a Maria

Já nasceu o rei dos reis – BIS        Todos

Filho da virgem Maria – BIS         Todos

 

Volta á primeira quadra todos e termina

 

26. A mulher do meio

 

A mulher bonita

Tem que ter cautela

Porque o Zé da Rita   - Bis todos

Anda a gostar dela     - Bis todos

 

A mulher vaidosa

É de boa fita

Foi pintar a cara         - Bis todos

Para ser bonita           - Bis todos

 

A que está melhor

É a mulher casada

Está sempre quentinha  - Bis todos

Até de Madrugada       - Bis todos

 

O homem coitado          Todos

Não sabe o que fazer         “

Dorme e acorda                 “

E a mulher a mexer            “

 

A que está pior

É a viúva coitada

Deita-se sozinha        - Bis todos

E acorda gelada        - Bis todos

 

A mulher solteira

Quando vem o Zé

Vão a cafeteira         - Bis todos

E bebem café           - Bis todos

 

A que está pior

É sempre a velhota

Manda andar o velho - Bis todos

Fica ao pé da porta    - Bis todos

 

O diabo do velho

Só olha p’ró caminho

Tem medo não caia   - Bis todos

Nalgum buraquinho   - Bis todos

 

27. Rapsódia de Marchas Populares

 

LISBOA À NOITE

Lisboa adormeceu já se acenderam

Mil velas nos altares das colinas

Guitarras, pouco a pouco, emudeceram

Cerraram-se as janelas pequeninas

Lisboa dorme um sono repousado

Nos braços voluptuosos do seu Tejo

Cobriu-a a costa azul do céu estrelado

E a brisa veio, a medo, dar-lhe um beijo

Refrão

Lisboa andou de lado em lado

Foi ver uma tourada,

depois bailou, bebeu

Lisboa ouviu cantar o fado

Rompia a madrugada,

Quando ela adormeceu

Lisboa não parou a noite inteira

Boémia, estouvada, mas bairrista

Foi à sardinha assada lá na feira

E à segunda sessão duma revista

Dali p’ró Bairro Alto enfim galgou

No céu, a lua cheia refulgia

Ouviu cantar o fado então sonhou

Qu’era verdade, aquela voz que ouvia

Refrão

CANTIGA DA RUA

Refrão

Cantiga da rua

Das outras diferente

Nem minha nem tua

É de toda a gente

Cantiga da rua

Que sobe e flutua

Mas não se detém

Inconstante e louca

Vai de boca em boca

Não é de ninguém

A cantiga popular ao passar

Todos a julgam banal e afinal

Vai sorrindo à própria dor

Dizendo trovas d’amor

O seu destino fatal

Refrão

A pobreza é mais feliz porque diz

Em voz alta o seu pensar a cantar

E é à rua que ela vai

Como fora a própria mãe

As suas mágoas cantar

Refrão

Cantiga da rua

Veloz andorinha

Não pode ser tua e não será minha

Cantiga da rua jamais se habitua

Aos lábios de alguém

É independente, é de toda a gente

Não é de ninguém

 

MARIA PAPOILA

Com saudade na lembrança, disse adeus

À terrinha mais ao lar AI, AI, AI,

Levo n’alma a luz da esperança e fé em Deus

Parto a rir e a cantar, AI, AI, AI,

Despedi-me das ovelhas

Do meu cão das casas velhas

Do lugar onde nasci, AI,AI,AI,

Não me importo ir á toa

Que o meu sonho é ver Lisboa

Mai’lo mar que nunca vi

Refrão  [bis]

Adeus oh terra,

Adeus linda serra de neve a brilhar

Adeus aldeia, que levo na ideia

Não mais cá voltar

Diz que a sorte das pessoas, sempre ouvi

Vem do nome que elas têm AI, AI, AI,

coisas más ou coisas boas boas, vem daí

Que comigo calha bem, AI, AI, AI,

Eu no monte era Papoila

Tinha o nome de moçoila

Que no campo anda a lidar AI, AI, AI,

Minha mãe também dizia

Como sou também Maria

Tinha d’ir p’ro pé do mar

Refrão  [bis]

 

OLHÒ BALÃO

Refrão  [bis]

Toca o fungágá

Toca o sol e dó

Vamos lá,

Nesta marcha ao fulambó

Olhó balão,

Na noite de São João,

P’ra poder dançar bastante

Com quem tenho á minha espera,

Ó i ó ai, pedi licença ao meu pai

E corri com o estudante

Que ficou como uma fera

Ò i ó ai, fui comprar um manjerico,

Ò i ó ai, vou daqui pró bailarico!

E tenho um gaiato aqui dependurado, [bis]

que é mesmo o retrato do meu namorado

Refrão  [bis]

Olhó balão,

Na noite de São João,

para não andar maçado

Da pequena me livrei,

Ó i ó ai, não sei com quem ela vai,

Cá por mim estou governado

Com uma outra que eu cá sei

Ò i ó ai, fui comprar um manjerico,

Ò i ó ai, vou daqui pró bailarico!

E tenho uma gaiata aqui dependurada, [bis]

que tem mesmo a lata lá da namorada

Refrão  [bis]

 

28. A Senhora Chamarita

 

A senhora Chamarita

É uma santa senhora

Sai de manhã para a missa

Volta a casa quando quer

Refrão  [bis]

Dá voltas á Chamarita

Dá voltas á Chamarita

Dá voltas á Chamarita

Quem manda voltar sou eu

 

A senhora Chamarita

É uma santa mulher

Dá os ossos ao marido

Come a carne com quem quer

Refrão  [bis]

Bailei sete Chamaritas

No dia em que me casei

Mas a volta de casar-me

Foi a pior que eu já dei

Refrão  [bis]

Quando eu ouço uma guitarra

Paro e tiro o chapéu

Mas que me importa morrer

Se houve guitarras no céu

Refrão  [bis]

Melodia

Refrão

REFRÃO FINAL

Se a Chamarita não volta

Se a Chamarita não volta

Se a Chamarita não volta

Eu grito aqui d’El-rei

 

29. Ai Maganão

Trás Os Montes

 

Melodia

Ai que linda fita verde

Leva o rei na carapuça

Quem tem carne que a coza

Quem tem catarro que o tussa

 

Ai maganão, maganão, maganão

Oh ditoso maganão

Darás um abraço, isso sim, isso sim

Darás um beijinho, isso não, não, não

Melodia

Minha mãe minha mãezinha

Que linda mãe tenho eu

Que ramou o seu colete

Para me compor o meu

 

Ai maganão, maganão, maganão

Oh ditoso maganão

Darás um abraço, isso sim, isso sim

Darás um beijinho, isso não, não, não

Melodia

Ai que linda fita verde

Leva o rei na carapuça

Quem tem carne que a coza

Quem tem catarro que o tussa

 

Ai maganão, maganão, maganão

Oh ditoso maganão

Darás um abraço, isso sim, isso sim

Darás um beijinho, isso não, não, não

Melodia

 

30. Pézinho do Pico

Açores

 

Eu fui ao Pico, piquei-me

Ai sim piquei-me, piquei-me lá num silvado (bis)

Nunca mais eu vou ao Pico,

Ai sem o pico, sem o Pico ser podado (bis)

 

Eu fui ao Pico, piquei-me

Ai sim piquei-me, piquei-me lá num picão (bis)

O pico nasce da silva

Nasce da silva e a silva nasce do chão (bis)

 

Ó meu amor nada, nada

Ó meu amor nada, nada, nada, nada não (bis)

Nada trago em meu peito

Ai em meu peito, de que te faça quinhão (bis)

 

Ponha aqui o seu pézinho

Ai ponha aqui, ponha aqui, que não faz mal (Bis)

Que esta moda do pézinho

Ai foi do pico, foi do pico p’ró Faial (Bis)

 

3. Janeiradas

 

O Senhor Manel

Veja se é capaz

D’abrir o tonel

Ri-có-có cá para o rapaz

As suas cachopas

Querem-los vendidos

Fecharam-se em copas

Ri-có-có nos deram figos

Refrão

Oh sim sim, dê-nos janeiradas

Ri-có-có moças recatadas

Oh sim sim, dê-nos as janeiras

Ri-có-có meninas solteiras

Senhora Maria

Saia lá do poiso

Vamos não se ria

Ri-có-có que eu quero o coiso

Coiso já se vê

Que venha quentinho

Riem-se de quê

Ri-có-có que eu quero é vinho

Refrão

Oh menina Céu

A si nada falta

De perninha ao léu

Ri-có-có deixa tonta a malta

O que está no tacho

Nunca se recusa

Nem o que está debaixo

Ri-có-có da sua blusa

Refrão

Oh povo em geral

Tenha lá maneira

Não é Carnaval

Ri-có-có são só Janeiras

Abram os portões

E que fique assente

Que nestas funções

Ri-có-có quem manda é a gente

Refrão

 

 

©2006 Orfeão de Abrantes